Sempre a um passo a nossa frente, o sentimento de ansiedade parece trazer a cabeça situações não muito claras que podem (ou poderiam) acontecer. Nesse apego a um futuro incerto, nosso corpo tenta reagir, vários sintomas psíquicos começam a surgir – como de falta de concentração, pernas travadas, dificuldade de começar uma tarefa – para piorar, se o quadro se intensificar, agora sintomas físicos também podem ser sentidos – o coração dispara, o suor intensifica, os intestinos e a bexiga não cooperam – mas tudo isso tem uma razão muito simples que hoje é difícil de entender, os seres humanos não são totalmente conectados a vida moderna, ainda temos muitas forças selvagens dentro de nós.
Se retornarmos aos nossos antepassados que não viviam em cidades, um pequeno sinal de perigo podia significar um predador feroz pronto para dar o bote, logo o corpo travar com um instinto natural nesse momento de antecipação significava poder pensar em uma maneira de correr. Porém hoje no século XXI, onde o tempo é dinheiro e recebemos cobranças 24 horas por dias, 7 dias por semana em nossos celulares e nas redes sociais, onde o trabalho não acaba, estamos sempre ligados as noticias e os perigos não são mais físicos, mas sim contra a estabilidade (financeira, emocional, social etc) de nossas vidas modernas, travar no meio do dia, ou perder uma noite de sono porque tentamos nos antecipar para algo incerto é uma grande desvantagem.
Entendendo ansiedade como antecipação de um “perigo”, então é só entender qual o “perigo” e assim iremos poder lidar com ele, certo? Fácil falar, mais difícil de fazer. Acontece que os perigos e adversidades quais estamos expostos não são muito claros, muitas vezes são completamente abstratos. Um exemplo disso pode ser os gatilhos de ansiedade para alguém adulto que tem crises ansiosas antes de uma prova, avaliação ou exame é o medo de falhar, pois na infância sofria castigo quando ia muito mal na escola. Por isso falar abertamente de nossos medos e crenças e traçar os caminhos quais eles operam é uma forma de definir os problemas que podemos ligar agora, deixando pro tempo certo aqueles que ainda estão distantes de serem solucionados, ou mesmo aprendendo a ignorar aqueles que não temos sequer nenhum controle sobre.
Mas previnir a ansiedade ainda é o melhor remedio, as vezes adotar em nosso estilo de vida ações como: 1. Menos estimulantes químicos (cafeína, taurina, anfetaminas) 2. Menos estimulantes ambientais (muitas noticias, notificações ativadas em redes sociais, trabalho conectado 24h por dia) 3. Menos restrições na dieta, se permitindo comer com mais prazer coisas que gosta, sem culpa ou sem contar calorias ou se permitir comer besteiras as vezes 4. Praticar exercícios físicos diariamente, mantendo a freqüência e a regularidade; são ações que podem ajudar a manter o corpo e mente em equilíbrio, diminuindo a chance de termos crises ansiosas e combatendo os picos de estresse. Porém se já convivendo vivendo picos de ansiedade constantes em sua vida, ou em situações bem delimitadas (trabalho, estudo, relacionamento) é importante que procure um profissional de saúde mental, como uma psicóloga ou psicólogo, para te ajudar. Assim esse investimento em sua saúde não só irá te dar mais qualidade de vida, como também te abrirá nossas possibilidades e caminhos.
Herbert de Moraes Vieira |CRP 05/53607 Psicólogo Clínico
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