Diante de tantas linhas teóricas e práticas da psicologia, temos a fenomenológico-existencial. E para começar explicando o que ela significa, considero importante dizer que os estudiosos e praticantes da área não a consideram uma simples abordagem, mas sim uma perspectiva, isto é, um modo de enxergar e lidar com o mundo ao nosso redor.
Desenvolvida por Edmund Husserl, matemático e filósofo, a fenomenologia significa um estudo e investigação dos fenômenos, isto é, tudo aquilo que se mostra e deixa aparecer. Sendo assim, a perspectiva fenomenológico-existencial busca enxergar o ser como um todo, sendo igualmente importantes o que aconteceu no passado, o que acontece no presente e o que se espera do futuro. É uma modalidade com foco no (re)encontro de sentidos para a vida, na ampliação da percepção de si e de mundo, assim como de suas possibilidades. Nesse encontro, o psicoterapeuta fenomenológico-existencial seguirá como “um pastor que caminha ao lado de suas ovelhas”, nunca determinando nada na vida de seu paciente/cliente, mas caminhando lado a lado de forma a assegurar e auxiliá-lo no desenvolvimento de autonomia frente às suas questões.
O que se esperar e não esperar de uma sessão de psicoterapia fenomenológico-existencial? A psicoterapia existencial investiga a história de vida do paciente como em qualquer outra modalidade terapêutica, no entanto ela não busca dar nomes ou explicar suas histórias de vida baseadas em patologias, técnicas ou rotulações. No lugar disso, busca compreender qual o lugar de importância tem suas questões e demandas e como o sujeito vive dentro delas. Além disso, algo muito importante e analisado dentro da psicoterapia existencial é o contexto situacional, não só do sujeito em terapia, mas o do mundo como um todo: contextos sociais, políticos e econômicos.
A psicoterapia se dará como um encontro, e a relação que se desenvolverá entre terapeuta e paciente será entendida como uma abertura de manifestações e compreensão em que os dois se afetarão pelo o que surgir. O psicoterapeuta existencial precisa ter uma “escuta atenta”, renunciando ao que já lhe é conhecido e se abrindo ao que virá de seu paciente e ao que se surgirá nesse meio compartilhado.
A psicoterapia existencial não se utiliza de técnicas, mas também não as deslegitima, isto é, não nos baseamos em sistemas de atendimento ou técnicas de manejo, mas somos abertos a todas as possibilidades que possam vir a influenciar de modo positivo àquele paciente.
Em relação a tempo e alta, não temos nada pré-determinado. Seguimos de acordo com a demanda do paciente. Isso quer dizer que vamos até onde se é possível. O foco da psicoterapia existencial é o de dar ao paciente a capacidade de vivenciar sua existência de modo concreto e real, tornando-se consciente de suas potencialidades e se está “apto” para agir e lidar com elas.
Ingrid Souza Manhães | CRP 05/53605
Psicóloga clínica – Viés Existencialista
22 99976 2597
Comments