Já não é novidade para nenhum de nós que, embora muito cercado de tabus, o sexo seja um belo sinônimo de saúde mental. Infelizmente, quando o tema é SEXO, os discursos acabam se limitando às questões reprodutivas, IST’s e avaliação de comportamentos “disfuncionais”, e então facilmente nos vemos sustentados por séculos a fio termos tais quais a “promiscuidade”. Há também os atravessamentos de gênero, de classe, de cultura e afins, todo um emaranhado complexo que nos provoca estranhamento e ao mesmo tempo um profundo interesse pelo sexo.
A questão é, que com o passar do tempo temos falado mais sobre a sexualidade, mas o sexo em si é algo que está sempre mais velado ou mais sublimado em algumas expressões artísticas. Nesse cenário pandêmico, entretanto, poderíamos apostar em pensar e repensar o sexo, em todas as suas formas e configurações, em todas as relações, sejam essas quais forem – entre dois ou mais sujeitos ou até consigo mesmo como modo de produção de saúde mental.
Ao contrário do que faz a gigantesca indústria do sexo, o objetivo dessa breve análise não é esvaziar nenhuma outra experiência do isolamento ou deslocar para o prazer os inevitáveis e profundamente transformadores desprazeres da vida, mas sim provocar uma reflexão sobre a potência do sexo. Não há, dentro da psicologia, uma linha teórica sequer que não reconheça essa potência... Damos dentro de nossas abordagens nomes diversos, mas sabemos que o sexo é imensuravelmente importante na vida.
Diante disso, tanto aos que se configuram fisicamente próximos quanto aos que por razões do isolamento encontram-se fisicamente distantes, recomendamos: pensem e repensem o sexo. Imaginem, troquem, façam. Falem sobre, aproveitem para tornar as experiências mais pessoais, comuns aos envolvidos e nada automáticas. Transem, verbalmente, corporalmente, virtualmente, telepaticamente... Como bem for possível acessar essa forma de saúde mental.
Leticia Scandiani Soave |CRP 05/59887
Psicóloga Clinica
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